O Feitio é quando o sacramento da doutrina do Santo Daime é feito. No Feitio é preparado o Daime, o sacramento da Doutrina.
“Com o Jagube e a Rainha na fornalha
Com o Sol e a Lua a brilhar
São as forças masculina e feminina
O Santo Daime, ele vai se apresentar”
(Hino 31 do hinário Império do Sol da madrinha Suzana Pedalino)
O nome Daime vem do verbo dar. É uma interjeição: dai-me luz, dai-me força, dai-me amor. A Doutrina tem o nome de Santo Daime porque a bebida é um Vinho Santo, um presente da Rainha da Floresta para que possamos nos conectar com Deus dentro de nós.
A bebida é feita pela união da folha Rainha, do cipó Jagube, da água e do fogo, que se tornam um Vinho Santo através da Alquimia Divina, alcançada pelo esforço comunitário, pela concentração e pela disciplina durante o feitio
“O Cipó tem a força
E a Folha nos traz a luz
Da água vem a vida
E do fogo o Vosso Santo Amor”
(Hino 17 d’O Terceiro Livro (Renascimento) do padrinho Fábio)
O Cipó e a Folha são conhecidos desde tempos imemoriais por povos indígenas da Amazônia Ocidental. Ayahuasca é um dos nomes que a bebida feita com o Cipó e a Folha recebe entre esses povos. O nome significa linha dos mortos, pois une as palavras quíchua Aya (pessoa morta) e Huasca (linha) e a bebida servia principalmente para o contato desses povos com seus ancestrais. A Ayahuasca é uma infusão, como um chá, diferente do Daime que é um Vinho.
O Vinho foi um presente da Rainha da Floresta, que ensinou seu feitio para o Mestre Irineu. Quando consagramos o Daime, acessamos a Luz da Rainha da Floresta, uma Doutrina presente nessas plantas amazônicas e acesa pela Alquimia Divina. Assim, apesar de as plantas já serem conhecidas por tantos povos, foi com o Mestre que esse caminho em específico, o caminho da Divina Mãe, se abriu.
“Essa luz é da floresta,
Que ninguém não conhecia”
(Hino 65 d’O Cruzeiro Universal do Mestre Irineu)
Este Vinho Santo é como um cordão que nos liga diretamente à Deus dentro de nós, despertando nossa Consciência Divina e nos elevando a frequências espirituais superiores. Quando tomamos Daime e silenciamos nossa mente, podemos ouvir a Deus e ao nosso professor Juramidam, o espírito superior do Mestre Irineu que se mantém sempre vivo neste Sacramento Divino. Como uma Alquimia perfeita o Daime une o feminino, que é a Folha Rainha e o masculino, que é o Cipó Jagube. O Cipó traz a força e a Folha a luz da miração.
O Feitio dura por volta de um mês. Começa com a colheita do Cipó na lua nova pelos homens e da Rainha pelas mulheres. Termina com os últimos litros de Daime sendo engarrafados. Seguindo a Alquimia Divina das plantas, existe uma sincronia constante entre homens e mulheres para que o material e a infraestrutura necessárias estejam sempre disponíveis e em boas condições.
O Daime é feito na Casinha de Feitio, onde os homens trabalham. O Cipó é macerado e colocado em panelões junto com a Folha e a água. A Alquimia é completa com o fogo, constantemente alimentado pelos fogueiros, que mantêm a temperatura adequada das panelas. Esse processo dura cerca de cinco dias pois são muitas as fases de cozimento e apuro do Sacramento.
O Daime está pronto quando o feitor bate três vezes na panela. Depois disso ele é litrado ou seja, engarrafado e, como um vinho, fica guardado por pelo menos um ano para que sua fermentação atinja um ponto ideal para a consagração na Igreja.
“Três batidas
É o ponto do Daime,
Sol, Lua, Estrela
Foi quem me chamou.”
(Hino 25, Segundo Livro (Ancestral) do padrinho Fabio Pedalino)